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Dos sonhos nascem as possibilidades que viabilizam a criatividade,a ação se expressa em beleza que ultrapassa gerações, registram histórias , compõem a paisagem e encantam o homem.
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Não sei como criei asas, mas estou a caminhar pela floresta sentindo o vento gelado no rosto, com a esperança que os raios de Sol me acompanhem nessa caminhada. Pássaros que me seguem em coro, enaltecem a beleza do seu habitat. As árvores imponentes se curvam com o vento, formam um túnel que me leva ao mundo mágico da inquietude dos sonhos. Num tapete que se apresenta em grande dimensão, flores se expressam em poesia. Deslumbrada com a paisagem abro os braços, percorro amplitude do espaço e movido pela força da liberdade, num bailado me integro a esse mundo.
As torres se apresentam com toda imponência e me seduzem , num despertar da leveza da alma, amplio o olhar de encantamento, envolvida de silêncio, sussurro: -Castelo!
Castelos, realidade tão sonhada em diferentes formas. Tantas portas e janelas compondo o cenário, coroada de mistério. Me rendo a tamanha beleza e passo a passo vou avançando com a autonomia de uma realeza, em direção a entrada principal . Soam toques de uma bela música, num convite ao recinto e em um passe de mágica me encontro no salão principal diante de tantas obras de artes.Vou abrindo portas ,descobrindo salas, jardins ,numa enorme sala se encontra uma mesa posta com louças e cristais a espera de um banquete.Nos lustres pequenas peças de cristais tilintam , a música ressoa nas paredes alimentando a minha curiosidade e preocupação com reação das pessoas que ali habitam ao se depararem com a minha presença . as escadarias lada a lado convergem para o rol de entrada ,com os corrimãos dourados destacam a preciosidade arquitetônica. Hesito em subir mas a música vem do alto e subo pela escadaria da direita. Lá vou eu degraus por degraus,.corredores , terraço com vista interna,por um instante paro pra observar algum movimento de pessoas que trabalham no castelo. Mas já final de tarde a temperatura mais baixa,não vejo nada, e penso na justificativa : é natural, que as pessoas não saíam do recinto e se aquecem no seu conforto.
No alto algumas janelas batem forte ,cortinas se movimentam com o vento, mas a música supera qualquer barulho. Ao me aproximar do ambiente musical, um salão no final de um corredor, me preparo para falar da minha curiosidade para as pessoas que lá estejam . A música soa mais forte e alcanço a porta bem larga e tamanha é a surpresa: Vejo sobre o tapete um piano de calda, o pianista um senhor aparentando 80 anos, com cabelos nos ombros, de barba, bem agasalhado usando um cachecol ,sentado num banco cujos pés são talhados com cabeça de serpentes. Enquanto dedilha as teclas do instrumento, movimenta a cabeça de acordo com a música.
Não se via platéia nem parceiros instrumentistas, apenas esculturas em mármore nos cantos da sala ,na parede a parte inferior revestida de madeira escura e a parte superior , pintada com motivos florais em tons vermelho, verde escuro ,preto e dourado, nela se destacam quadros que retratam personagens de uma família.
Me aproximo do piano e questiono:- Onde estão as outras pessoas desse castelo?O senhor virando a página da partitura afirma que as pessoas estão presentes em cada recanto de sala nas obras de artes, nos jardins e na história.- Mas não vejo ninguém, porque está sozinho? Muito simples as pessoas não fazem parte do seu sonho, eu não estou sozinho para isso ,mantenho a mesa sempre posta as portas abertas e toco um instrumento para a celebrar a vida .Afinal sou o sonho.
JOSINETE P. LIMA